sábado, 26 de abril de 2008

Gostosa insipidez da modernidade

É bem provável que você, leitor, já tenha ouvido o seguinte comentário: “naquela festa só tinha gostosa”. Sim, essa horrenda constatação mesmo, que eu tenho o desprazer de reproduzir aqui. A frase pode mudar, mas o trato dado às mulheres é o mesmo: “gostosa”. O tema é do mais baixo nível, mas terei que falar dele.
Fico pensando se aquele infeliz que disse tal grosseria iria repeti-la, caso a mãe e a avó dele fossem na tal festa. Penso que, se eu pedisse a ele para classificar a “beleza” de sua honrada mãe e de sua dedicada avó se ele chegaria à mesma conclusão. Talvez só usando de um argumento desses ele pensaria melhor e refletiria sobre a sua forma de pensar e de julgar.
O único modo de entender o por quê dessa expressão ter surgido é buscando o contexto dela, isto é, que tipo de mentalidade pode tê-la gerado.
Só aplicamos plenamente a expressão “gostoso”, “gostosa” às coisas sensíveis. Afinal, somente o que é sensível tem “gosto”, que é o reconhecimento que a nossa sensibilidade tem dos sabores. Gostoso é aquilo que é sensível.
Mas podemos, por analogia, aplicar esta qualidade às coisas inteligíveis. Dizemos que “ler é gostoso” ou que “conversar é gostoso”. Tudo aquilo que nos dá satisfação torna-se “gostoso”. Eis a primeira conclusão: tudo o que nos dá satisfação é gostoso.
Ora, aplicando isso ao comentário exposto, a mulher passa a ser vista como objeto de satisfação pessoal. Só se vê bem uma mulher na medida em que ela supre uma necessidade.
E isso nos faz pensar que a modernidade, que tão racional e racionalizante quis ser, na verdade trouxe o predomínio da sensibilidade sobre a razão.
O homem, evidentemente, é um animal. Mas não é um animal qualquer, pois foi dotado de inteligência e vontade. O homem foi criado à imagem de Deus, em virtude dessas características. Portanto, não é mais um animal em meio a tantas espécies. É um animal superior na escala de perfeição.
Pelo fato de o homem ter inteligência, ele é capaz de pensar seus atos, visando um benefício. Por isso mesmo ele faz ou deixa de fazer algo, pensando num lucro a médio ou longo prazo. O animal irracional só sabe perceber o imediato, já que não consegue entender o sentido dos seus atos. Ele apenas precisa suprir suas necessidades, e tudo o que faz é em função disso.
Um ser humano é capaz de conter o sono, já que precisa trabalhar ou estudar. Ele é racional, e por isso mesmo pensa nas consequências dos seus atos. Todo o homem visa sempre um bem maior. Dormir é um bem, mas ficar acordado para trabalhar ou estudar gerará um benefício maior, e por isso ele se contém. Todo o homem, por ser racional, é capaz de estabelecer relação entre as coisas, e por isso saberá optar pelo melhor. O animal irracional, pelo contrário, dorme quando tem sono, sem entender a possibilidade de usufruir de um bem maior. Para o animal, todo o bem é imediato. Sua forma de conhecimento vem do sensível. Toda a vez que ele sente necessidade de algo, busca suprir.
Mas o ser humano tem que se conter, caso queira ter uma vida razoável. Mesmo que tenha fome ou sono, deve controlar seus apetites visando um bem maior. O obeso deve se controlar caso queira ficar saudável. É o predomínio da inteligência sobre a sensibilidade. A consequência disso é que o ser humano é capaz de pensar no futuro. Ele faz planos a médio e longo prazo. Ele constrói seus atos sabendo que poderá vê-los concluídos num futuro não muito próximo. A razão humana conhece tudo pensando atingir um bem maior. Daí conclui Santo Agostinho que verdadeira será a felicidade que for mais plena e mais perfeita. Ora, Deus é infinito e eterno. Logo, a felicidade verdadeira é Deus.
Se a felicidade verdadeira é Deus, todos os nossos atos deverão feitos em função dEle, para que possamos atingi-Lo pela prática do bem. Daí surge a moral. Só o homem tem moral. Evidentemente, por causa da razão. A razão é capaz de ordenar os atos tendo em vista um fim; de organizá-los e buscar relação entre eles. A razão busca a causa final de Aristóteles: o sentido daquele ser.
A moral é este sentido que damos aos nossos atos para alcançar um fim. A moral são os atos que praticamos pensando num fim. O verdadeiro fim da vida humana é a felicidade, que só se encontra em Deus; por isso, verdadeira será a moral que colocar Deus como fim em todos os atos humanos. “Baseando-se nesta doutrina, torna-se evidente que toda a vida presente se dirige à perfeita possessão de Deus. Assim, deve-se compreender toda a nossa vida terrena. Não se nega nenhum dos valores humanos, mas tomamos todos, elevamo-los ao fim sobrenatural, segundo as palavras de Cristo: 'Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça: o resto vos será dado por acréscimo' (Mt 6, 33)” (DEL GRECO, P. Teodoro da Torre. Teologia Moral. São Paulo: Edições Paulinas, 1959, primeira parte, cap. II, 6, p. 35).
A moral é a ciência que trata dos atos humanos realizados para atingir o seu fim último, que é a felicidade. Só o homem é moral, portanto. O animal age em função da lei natural, obedecendo à própria natureza e lutando pela sobrevivência.
Por isso, a razão, ao pensar no seu fim último, é capaz de evitar certos atos e de realizar outros, ainda que sejam contrários às sua inclinações. Nesse sentido, o homem não seria absolutamente livre, pois só teria liberdade para fazer aquilo que é bom, e que não impeça a realização do seu fim último. Liberdade seria o direito que temos de optar entre um bem maior e um bem menor. O homem é livre para fazer o que é moralmente bom, apesar de ter a possibilidade de cometer atos moralmente ruins.
Mas voltemos à questão inicial. O fato é que classificar uma mulher como “gostosa” - com o perdão da palavra, caro leitor - implica em vê-la de um ponto de vista estritamente material, sensível, como um objeto de uso material.
Nesse sentido, é excluso qualquer utilidade do matrimônio. Este teria sido instituído para que unisse o homem e a mulher a fim de que eles gerassem filhos para a sociedade. Se o todo vale mais do que a parte, e se todo o ato deve priorizar o bem maior ao invés do bem menor; logo, bom será a união que trazer benefício ao todo, e não só à parte. Afinal, o matrimônio só beneficia a parte – o marido e a mulher. Mas pela reprodução, o todo é beneficiado. Logo, este é seu fim mais nobre. Daí diz a Igreja que o casamento tem duas finalidades: procriativa e unitiva. Primeiro, ele foi criado para a procriação, e segundo, para a união afetiva do casal.
Se só se vê a mulher como objeto de satisfação pessoal, exclui-se qualquer responsabilidade social e até mesmo religiosa, já que o próprio Papa São Pio X já dizia que o casamento deve dar muitos católicos para a terra e santos para o Céu.
Se se exclui qualquer finalidade na faculdade sexual do homem, isto é, se a faculdade sexual é vista apenas como objeto de satisfação humana absolutamente, e não mais em função de um objetivo maior - a reprodução -, negamos a moral. O homem já não vive para agradar a Deus em todos os seus atos, dando objetivo e sentido a todos os seus atos e direcionando esse sentido a Deus. Agora, ele passa a direcionar os seus atos para si mesmo, fazendo de si mesmo o fim último de tudo.
Se não há mais um Céu a ser ganho, um Deus a ser amado e uma alma a ser salva, qualquer ato humano deve ser feito em função do próprio homem, que transfere para si mesmo o centro da existência e da História. Todo o prazer - ainda que lícito - deve ser usado para satisfazer o homem absolutamente. Sem o Céu, o que resta ao homem é usufruir do que encontra na terra. Ele troca a plenitude e a perfeição do Céu pela corrupção e pela instabilidade das coisas materiais.
É por isso que uma mulher passa a ser vista como “gostosa”. É só assim que ele consegue enxergá-la. E o mais triste é ouvir isso de pessoas que se consideram católicas, mas cuja alma está longe de entender o que é ser católico.
Nietzsche foi um dos mais árduos defensores dessa moral dos avessos. Ele mesmo dizia que o homem deve ser livre para fazer o que bem entender. Não importa o que você faça, o importante é ter consciência do que você é. Freud também martelou a moral ao dizer que ela era a causa de todos os males psíquicos e de todas as doenças da alma. Para que o homem seja feliz, ele deve abolir a moral.
Na Modernidade, o homem se faz Deus. Fica completamente explicável por que ele não quer aceitar nenhum sistema moral, já que não entende o viver em função de um fim último, mas só o viver para si mesmo. Se Deus nos ama, nos quer felizes; então tudo vale. A Modernidade nega um Deus no alto e admite o homem como Deus na terra. No reino do Homem não há moral, pois é livre e sem leis, como preconizavam a Utopia e o Milenarismo.
Nietzsche crê que o homem, se for absolutamente livre, será melhor, já que as leis o escravizam. O resultado deste delírio filosófico é o slogan da Universidade de Sorbonne, durante tumultuados protestos estudantis de 1964: “é proibido proibir”.
Ora, se ser livre é fazer o que bem quiser, sem se importar com a reação dos outros frente aos nossos atos, e sem se preocupar com o resultado desses atos, o homem terá se rebaixado ao nível dos animais irracionais, já que estes não conseguem dar um fim a seus atos. Só fazem aquilo que o instinto manda, sem moral nenhuma. E quem faz tudo o que quer, no fundo, jamais será livre, pois se torna escravo dos próprios instintos, que desejam ser saciados acima de tudo, impedindo o auto-controle. Nietzsche e Freud rebaixaram o homem ao estado irracional.
Aliás, ambos acreditavam que o homem era um mero acaso da natureza. Ele não estaria na terra por causa da criação de Deus, sendo senhor de toda a terra, que devia dominar, mas reconhecendo o senhorio absoluto de Deus, primeiramente. A evolução gerou o acaso do homem. Ele pensa ser o centro da criação, assim como a criança pensa que é o centro de tudo só porque seu pai lhe dá tudo. Essa filosofia nega qualquer superioridade do homem sobre as demais criaturas. Caímos no niilismo, na negação de qualquer valor e de qualquer dignidade humana. Portanto, nada mais natural do que o homem agir pensando só em si mesmo, como um animal, já que ele não é mais do que um animal.
E um animal olha para a fêmea vendo nela apenas a satisfação da sua necessidade reprodutiva. E pode ser a mãe dele, a irmã ou a prole. Freud, ao negar a moral, daria espaço ao incesto e à pedofilia, por exemplo.
Em síntese, a expressão “gostosa” é mais uma grosseria do pensamento Moderno. Negando-se Deus, elimina-se a moral. A finalidade máxima do homem seria viver para si mesmo, atingindo todo o prazer que conseguir, já que a felicidade do Céu não existe. Sem moral, o homem vive para realizar o que lhe cabe mais, mas isso o torna mais próximo dos animais irracionais, já que estes agem por instinto. A vida humana torna-se imediatista, sem noção de futuro. Tudo deve ser imediato, pensando-se só no prazer.
Ora, toda a vez em que uma sociedade está em crise, ela cai nesse sistema. O fim da pólis grega gerou três filosofias: ceticismo, epicurismo e estoicismo.
O estoicismo aceitava todos os males que o homem viesse a sofrer. Era uma espécie de platonismo distorcido. O ceticismo negava que o homem viesse a conhecer algo. Tudo era instável, falso e enganoso.
Mas se não temos certeza de nada – apenas temos certeza que não sabemos de nada. Essa certeza era a única reconhecida pelo cético, que, pelo visto, nem era tão cético assim! -, a vida humana é incapaz de conhecer qualquer sentido. Vive-se pelo prazer, que se torna o sentido da filosofia epicurista.
Se a razão não conhece nada, a única solução é passar para a sensibilidade como forma de entender a vida humana. Sem o inteligível, o que sobra é o sensível. Se o ceticismo nega a razão, o epicurismo o complementa e afirma a sensibilidade: vive-se para ter prazer. Estas filosofias surgiram com uma crise na instabilidade da pólis. São fruto das insatisfações dos homens, que perderam suas certezas e esperanças. Passam agora a viver como os animais.
Os romanos tiveram fim semelhante. A filosofia dominante no fim do Império decadente era o famoso “Carpe diem”: aproveite o dia.
Ora, se devemos “aproveitar o dia”, temos que fazer hoje o que sempre quisermos fazer, pois não sabemos se viveremos até amanhã. Come-se, bebe-se...e não se trabalha mais. O Império que já estava aos pedaços ficou ainda mais corroído pelos preguiçosos romanos que aproveitaram o dia e viram a noite se aproximar, sem ter como vencê-la. É a velha estória da cigarra e da formiga.
Quando a luz da Idade Média foi declinando, por causa dos ataques que a sua estabilidade sofrera de todos os lados, o que surge em seguida é a Renascença. E a Renascença também vive pelo prazer, já que era hedonista. A arte renascentista era visivelmente imoral, com seus anjos nus e deuses sem virtude, a se embebedar nos prados.
A modernidade, por fim, ia surgindo. No século XIX, as filosofias estavam rumando para uma glorificação nunca vista da ciência, preconizada pelo Iluminismo do século XVIII. Toda a filosofia procurava ser “científica”, já que o conhecimento científico é o mais elevado. Nega-se a metafísica. Qualquer especulação que vá acima da esperiência humana e da ciência é falsa e sem sentido. Não há como conhecer a causa eficiente - que deu origem ao mundo - e a causa final - que é para qual se dirigem os seres, para a qual eles foram criados. O que passar dos fenômenos é ilusório. Era assim que pensava o Positivismo, por exemplo.
Negando-se a metafísica e colocando firme confiança na ciência dos homens, só se esperava um reino de plena felicidade, com o fim de todas as desgraças e a estirpação de todo o mal. Mas o que se viu - e ainda se vê - é o contrário.
Ao fim do século XIX, Schoppenhauer e Nietzsche formularam um pensamento pessimista e delirante. O homem que assistia o seu mundo científico desmoronar já não vê sentido em nada. A vida foi fruto do acaso, de um conjunto de forças naturais. Ao mesmo tempo em que se negava haver sentido em tudo, a pergunta que os filósofos faziam era: “por que tudo deve ter um sentido?” Ora, querer saber o sentido do sentido é absurdo para quem nega haver sentido. Nietzsche contribui com a formulação do pensamento niilista, negador dos valores e de qualquer finalidade da existência.
O que sobre no homem, se sua vida não tem sentido? O que sobra nele, se a inteligência não é capaz de conhecer nada - até porque se negava a metafísica -, e todos os seus atos alcançam fim nenhum?
O homem, composto de corpo e alma, com o fim do século XIX, nega que tem alma. Passa a ser só corpo. Sem o auxílio da inteligência, o que sobra é a sensibilidade do corpo. E esta passa a ser o sentido da existência. Daí a liberdade plena que Nietzsche tanto defendia.
Por isso o Marxismo definiu que “o homem é um animal que trabalha”. O homem só vive para o trabalho; é só isso que pode defini-lo. O centro do homem é seu estômago, é para ele que se vive. Mas Freud, adepto de idéias igualmente irracionais, dizia que o centro da existência estava um pouco mais abaixo, já que acreditava que o homem fazia tudo em função do sexo. E esta é a gloriosa filosofia moderna...e já moribunda.
Essa é a grande prova de que o homem moderno vive sua agonia final. A decadência atingiu seus últimos limites. O racional homem moderno vive seus momentos de pura animalidade. O sonho da razão gerou um verdadeiro zoológico social. E as mulheres são vistas sem dignidade nenhuma...digo, algumas mulheres, pois os mesmos indivíduos que bradam “gostosa!”, ainda exigem um trato digno para a mãe, a avó, a tia...etc.
Toda a sociedade quando perde o seu equilíbrio e tende à ruína cai no ceticismo. Houve ceticismo no fim do apogeu grego, no fim da Idade Média, durante a Renascença, e no século XIX. O ceticismo é a franca confissão de que aquele sistema perdeu sua harmonia, está desmoronando. Daí a consequência é o surgimento de filosofias hedonistas, que passam a achar o sentido da existência no prazer sensitivo. O homem animalizado é o resultado da perda de esperança num sistema.
Isso demonstra que, caso a teoria esteja certa, a Modernidade já não garante certeza nenhuma. O homem perdeu esperança naqueles que o divinizavam. Agora, o que sobra é a irracionalidade, a busca da realização pessoal na sensibilidade, já que a razão não consegue encontrar certeza nenhuma.
Com isso compreendemos que a Modernidade já está dando seus últimos suspiros. Ainda bem.
“E já vai tarde!” como diz o bem humorado dito popular.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O dia santo de Tiradentes, o feriado da Sexta-feira da Paixão

Próximo de minha casa abriu uma lan-house, cujo dono é protestante. E dinheirista, como de costume.
Na Sexta-feira Santa, dia da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, a lan-house abriu. Passei em frente dela quando estava voltando para casa das celebrações da Igreja: pela manhã, próximo do meio-dia, e à noite, lá por volta das 8 horas. Estava aberta - e sem nenhum usuário. Imagino que poucos teriam a coragem de ir a uma lan-house em plena Sexta-feira da Paixão. Por mais secularizado que esteja o mundo, resquícios de piedade ainda restam; um certo mal estar por frequentar locais de diversão e entretenimento numa data de respeito.
Mas hoje, dia de Tiradentes, data de feriado nacional, hoje, a lan-house estava fechada. Um feriado criado pela República, já que o Império odiada o revoltoso Tiradentes. A República precisava de heróis, e Tiradentes foi um dos seus primeiros.
Se perguntássemos ao protestante por que ele abriu sua lan-house em plena Sexta-feira santa, ele diria: "não precisamos ficar tristes na Sexta-feira Santa. Jesus ressuscitou e venceu a morte. Temos que ficar felizes. Não precisamos guardar esta data".
Mas se perguntássemos a ele porque ele não quis lucrar com seu estabelecimento no dia de Tiradentes, ele responderia: "hoje é feriado, é dia de descanso".
Poderíamos tirar duas verdades destas respostas hipotéticas. A primeira delas é que o homem já não tem mais noção do sagrado. O próprio Papa advertiu que não se guarda mais o domingo, que virou o dia santo do futebol. Ninguém mais sabe guardar o domingo; ninguém mais sabe o que é o domingo. É um dia sem sentido, feito para se descansar das festas feitas na sexta e no sábado. Sexta-feira Santa é dia de trabalho para alguns, que nela não vêem nenhum sentido, apenas um impedimento para aumentar os lucros, já que muitos comércios irão fechar. Trabalha-se na Sexta-feira Santa; e se descansa no dia de Tiradentes. O homem moderno centra o mundo em si mesmo. Para que algo tenha sentido, deve estar relacionado ao homem. Daí a dificuldade da modernidade em entender a moral. Muitos se perguntam: "mas se Deus nos quer felizes, por que ele não deixa que um homem casado se separe e case novamente?". A Modernidade só entende o que fala do homem. Só é bom o que é bom para o homem. Deus não pode pedir nada que seja trabalhoso ao homem. Bom é o que dá plena satisfação ao homem. É a negação do esforço, do trabalho e do sofrimento para Deus. O homem moderno quer evitar o sofrimento, e só sabe sofrer por si mesmo. É impensável que Deus nos exija certos sacrifícios. É a negação do pecado de Adão, que introduziu o sofrimento na terra, sofrimento este que o homem quer evitar ao construir o seu próprio Céu na terra: a Utopia, o reino do homem. No fundo, o mundo moderno retoma a filosofia epicurista, que via o prazer como o sentido da existência. Por isso, todo o esforço era maligno, um impedimento para o prazer. O homem se torna o centro de tudo, e não consegue ver sentido em nada daquilo que passa por cima de sua satisfação pessoal.
Se o homem moderno perdeu noção do sagrado, se ele não consegue mais entender o sentido das coisas espirituais, certamente não entende por que temos que guardar a Sexta-feira da Paixão. Guardar uma data para Deus é sinônimo de um dia a menos para o homem, ansioso por lucros e benefícios. Ou um bom descanso no feriado, ou um bom lucro no comércio que fica aberto. Mas é impensável, na mentalidade moderna, respeitar uma data por amor a Deus. O homem moderno só tem amor a si mesmo.
A segunda consideração que fazemos vem da doutrina protestante. Muitos protestantes abrem propositadamente seus comércios em dias santos, como uma forma de criticar a Igreja católica. Para eles, não é preciso guardar respeito pela Paixão de Cristo, já que Ele já ressuscitou e venceu a morte. Devemos ficar felizes.
Ora, esta afirmação é tão incoerente que só demonstra a má fé de muitas seitas protestantes. Muitos protestantes assistiram ao polêmico filme "Paixão de Cristo", de Mel Gibson. Muitos choraram durante o filme, por assistir ao sofrimento do Salvador na via do Calvário. Mel Gibson, que se diz católico, deve ter ficado surpreso ao saber que a maior defesa do seu filme vem por parte justamente dos protestantes.
Esses mesmos protestantes também guardam luto quando um parente morre. E, evidentemente, fecham o comércio, para acompanhar os funerais.
Pergunto eu: como podem ficar felizes com a morte de Cristo, se reconhecem que ela foi horrenda e dolorosa? Como podem ficar felizes com a morte de Cristo, sendo que ela só aconteceu em vista do pecado que entrou no mundo? E como podem encarar com tanta naturalidade a data da morte do Salvador se sabem guardar luto até com os parentes falecidos?
Essas perguntas não têm respostas. A resposta é uma só: ódio. Lutero ensinou o mais profundo ódio à Igreja de Cristo. Lutero odiou o papado e à Igreja até o fundo de sua alma. Os seus ensinamentos não vieram de uma firme convicção de que ele falava a verdade. São frutos do ódio à Igreja, que ele tanto incitou. Tudo o que Lutero fez foi ensinar o contrário do que a Igreja dizia. Mas não porque a Igreja estava errada; mas por ódio.
Os protestantes sabem muito bem acusar os católicos de idolatria por terem imagens religiosas nas igrejas e nas casas. Estampam largamente versículos pinçados da Bíblia - que eles mesmos nem sabem ler. Mas não percebem que as imagens existem por toda a parte, inclusive em casas protestantes.
Protestantes têm fotos, têm esculturas, têm pinturas, têm imagens religiosas. Eu já vi uma escultura de elefante num programa televisivo adventista...e logo eles, tão radicais! E já vi uma imagem da "Santa Ceia" em casa de luteranos.
Mas qual é o critério que faz com que um católico que tenha uma imagem seja idólatra, e um protestante não sofra das mesmas acusações? Simples: o argumento foi feito sob encomenda contra a Igreja. Ele não foi feito tendo em vista ensinar uma verdade. Era só para criticar a Igreja. Exclusivamente. Prova disso são os exemplos que citei, já que nem mesmo os protestantes obedecem o que ensinam.
O dono da lan-house pode não ter pensado nestas consequências do seu ato. Ele pode até não odiar a Igreja, como uma boa parte dos protestantes. Mas o seu ato é fruto do pensamento de Lutero: faça tudo que possa para se opôr à Igreja. Nem que para isso tenha que ser contraditório e falso.
E isso me faz lembrar uma frase do próprio reformador alemão: "Para enganar e subverter o papado julgamos que tudo nos é lícito" (De Wette, I, 478; apud FRANCA, Leonel, S.J. A Igreja, a reforma e a civilização, Rio de Janeiro: Agir, 1952, 6 ed, 200, nota 95).
O dia Santo tornou-se feriado, dia de descanso para o homem, ou mais um dia como outro qualquer. Mas o feriado tornou-se dia santo, para descansar.
O dia Santo é um dia inútil porque não traz acréscimo ao homem. Na Modernidade, tudo existe em função do homem. O feriado agora passa a ter serventia, pois não exige nenhuma obrigação, e justamente por isso é dia de descanso.
A religião do homem que quer se fazer Deus, o antropoteísmo, tem até feriado próprio.

Seria castigo?

Busca para localizar padre prossegue em SC e no PR

Esta foi uma das notícias mais estúpidas que eu já li. E talvez ela seja única. Até porque, agora, os padres urubus vão ficar mais precavidos se quiserem voar por aí.
Realmente, não se consegue entender qual o sentido de uma bobagem dessas. Um padre que quer bater record, e acaba batendo na própria inteligência quando se arrisca dessa forma.
O padre é sacerdote de Cristo, ordenado para dispensar os sacramentos aos fiéis, anunciar a Verdade e converter os infiéis. Só isso. Cristo nunca pediu vôos com balões de vinte horas.
São João Maria Vianney passava mais que vinte horas....no confessionário.
E São João Vianney é santo. Patrono dos padres. Inclusive do padre urubu, que fez um vôo rasante para o inferno, já que não cuidou da própria alma, preferindo perder seu tempo com uma insignificância dessas. E além de perder a alma, perderam contato com seu corpo, que pode ter virado comida para urubus - estes, sim, voam por necessidade.
A falta de consciência gera eventos como esse. Os quase dez anos que um padre passa num seminário, os anos que ele passa numa paróquia e todos os anos que ele usou para pensar em sua vocação...tudo isso em vão. Ele não aprendeu o que é ser padre. Aprendeu que não deve voar com chuva de balões...O padre que leva as almas para o Céu, quis ir para o Céu com o ar dos balões...e..... caiu.
Deus guia a História. Ele assiste todos os acontecimentos, e participa de todos eles, permitindo ou intervindo em tudo o que acontece.
Deus guiou a História quando deu a Noé a missão de construir uma arca para se salvar das tempestades do dilúvio. Deus feito carne - o Cristo - guiou a História quando acalmou a tempestade que agitava o barco dos apóstolos e os deixava amedrontados. Naquela ocasião, eles pediram: "Senhor, salva-nos!". E Cristo ordenou aos ventos para que parassem.
Mas quando as almas aflitas vão ao padre, ministro de Cristo, pedir a graça divina dos sacramentos, dizendo "Senhor, salvai-nos!", o padre é quem pedia salvação em meio às negras nuvens da noite.
Noite escura, sem a luz da Igreja, já que o padre não soube servi-la, preferindo voar...e depois pedir ajuda ao Corpo de Bombeiros...que trágico!
Os apóstolos gritavam por Cristo, Senhor da História.
O padre gritava ao Corpo de Bombeiros, pedindo ajuda sobre como usar o GPS...
Se não fosse trágico, seria cômico.
Deus age na História. E ele compensa cada um conforme as suas obras, já nesta vida ou na outra.
E que Ele tenha piedade da alma do padre, estando ele nesta vida, ou já na outra.

domingo, 20 de abril de 2008

Início das atividades

Caro leitor,
Criei este blog no objetivo de difundir a verdade católica, de fazê-la conhecida, defendida, amada e propagada. A História é esta guerra entre os filhos de Deus e os filhos do demônio, como disse Santo Agostinho.
Todo o homem mora em algum lugar. Mesmo quem não tem aonde viver, dorme em algum lugar, fazendo da própria terra a sua morada.
Nesta guerra entre a Cidade de Deus e a Cidade do Homem, toda a pessoa deve se posicionar, buscando conhecer a verdade de Cristo, e passando a morar em sua Cidade, a Igreja católica, edificada para congregar todos os homens que de Deus quiserem lucrar a Redenção.
Aqui na terra, escolhemos em qual cidade queremos morar. No fim da vida, somos julgados pelo Tribunal divino, merecendo passar a eternidade na Cidade que aqui na terra optamos por viver.
Nossos atos dizem o que queremos pela eternidade, pois na terra tomamos a decisão de amarmos a Deus ou de odiá-Lo. Não há como ficar sem decidir. Quem não está com Cristo, está contra Ele.
Daí a importância de anunciar a Verdade, para conduzir a todos no Redil de Cristo.
Tudo, na Criação, fala de Deus. Todas as coisas anunciam o Criador, pois a criação reflete as perfeições do Criador. A Cidade de Deus nasce do amor a esse Deus, que é o Sumo Bem, digno de ser amado sobre todas as coisas. O amor a Deus é tal que se despreza a si mesmo, por amor Àquele que é infinito, reconhecendo o nada que é o homem comparado a Deus.
O amor ao homem, quando cai no pecado do orgulho, passa a desprezar Deus, tornando a criatura auto-suficiente. É o oposto do amor a Deus.
Esta é a origem das duas Cidades, os dois amores. O amor ao homem tende a torná-lo o próprio Deus, pois ninguém ama a criatura por si mesma, sabendo que Deus é maior. O amor busca o que é mais verdadeiro, pois sente atração pelo que é mais pleno. O amor à criatura, portanto, busca fazer do próprio homem um deus.
Aqui na terra escolhemos em qual cidade queremos morar. Se permanecermos na Igreja católica, receberemos por recompensa a eternidade do Céu. Se nos recursarmos a amar a Deus, passaremos a eternidade sem Ele, recebendo os castigos pela ingratidão e pelo mal cometido.
A necessidade de conversão é iminente. Por amor a Deus, amamos o próximo, e lutamos para que ele também conheça Deus e o ame. E assim, sua alma se tornará um espelho, que reflete o Céu.
Acompanhe-nos e nos ajude nesta luta por Deus e pela Igreja!
Virgem Santíssima, seja a nossa guia!